quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Autômato

O Tempo e as Circunstâncias estão lhe calando, estão lhe afastando da sua própria vida. 

E em poucos instantes viu seu corpo perdendo a alma e concretizando o pesadelo do romântico, assistiu a sua transformação em autômato. 

Quem criou esse mecanismo? Quem vai disputar a posse dessa máquina? Esse autômato tem defeito, tem um buraco no peito, cicatriz da vida humana...

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Acredita em mim?

Era simples como um café numa tarde de domingo , um café solitário acompanhado do lápis e do papel. Era a mesma simplicidade de um sorriso, com a mesma exuberância de um pôr-do-sol. Era simples e fascinante, agora, eu sei.
Sei que não é fácil explicar como o sinto o perfume das rosas estampadas  que rodeiam seu braço, porém é simples, eu juro.
Sei que não é fácil descrever a imensidão de luz que me envolve quando caio no teu olhar, porém é simples, eu juro
Já nem preciso explicar o porquê da minha maquiagem não esconder meu rosto corado quando teus pés se aproximam dos meus, é mais que simples, eu juro.
Sempre enfrentei as confusões  da vida, mas hoje arrisco dizer que a simplicidade pode ser o caminho para abrandar o caos que a complexidade gerou.
Ontem fiz facilmente do simples complexo. Me arrependo. Não é fácil, mas é tão simples, hoje, eu juro. 
Acredita em mim?



sábado, 24 de novembro de 2012

Pensamentos sem luz


Eu deito a cabeça e me falta o ar.  
Quantas vezes você me procurou por um abraço, quem sabe um beijo e eu te ofereci a minha medíocre atenção e só...
Eu deito a cabeça, largo os braços na cama e meu coração se estampa em alto relevo na minha garganta...
Quantas vezes como agora o sono me consumia , mas eu não podia dormir antes de vomitar letras num papel...
Eu deito a cabeça, largo os braços, largos os pés cansados. 
Eu corro durante todo o mês,a semana,odia,ahoraminutosegundo, me correm tantos pensamentos quanto passos. E de todos os pensamentos faço uma reflexão quando a noite cai e deito o corpo, mas nunca vejo uma luz, sem luz sem reflexo...no quarto...na mente...na frente.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Seguindo a regra


Já conheço minha regra.
Se da boca pra fora: verdade.
Se da mão pro papel: extração de pensamentos nem sempre reais.
Por isso, me calo e escrevo.
Chega assim de mansinho, de lá pra cá.
Quem você pensa que é pra me tratar tão bem assim?
Prefiro o conforto da porta a ter que me apegar.
Pega seu ser maravilhoso e vai pro seu canto.
Clichê ou não, digo mesmo assim:
Não posso, não devo. 

Pensamento arquivado, verdadeiro ou não,  já pode ser deletado da mente.

domingo, 29 de julho de 2012

Apenas mais algumas palavras

Esse seu jeito de olhar
O mundo,
Seu jeito de encarar
Meu silêncio,
Seu olhar que tanto  me intriga
Já não rege minha vida
E no entanto...
Mesmo com tudo
Ou com nada...
Ainda assim...
Penso.
Não digo que tento, não minto.
Mas repenso.
Se posso viver sem seu olhar,
Se consigo sair do seu ponto vista,
Do seu campo de visão...
Contudo,entretanto, mesmo assim...
Dois pensamentos se entrelaçando.
Não saio dos contrapontos.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Perdoa meu amor...

Perdoa o tempo que passou...
Ele não tem culpa de seguir o curso.
Se não fosse por ele ainda seria sua menininha
Mas passou,
digo o tempo passou
Eu ainda quero ser sua menininha
Perdoa o tempo que passou...
E arrastou minha infância
E me fez ter que soltar sua mão,
Eu não queria.
Sempre que posso volto correndo para agarrá-la
Perdoa os tempos de angustia...
Quando meu corpo doe ao ver sua tristeza
Lembra do meu abraço
Por favor, lembra que estou ai
Mesmo do meu jeito distante
Eu estou ai do seu lado
E fica bem, tá?
Perdoa esses meus dengos,
meus carinhos quase sufocantes,
meus abraços eternos...
Perdoa minha mania de dizer "EU TE AMO" ao prantos.
Perdoa esse meu amor desconsertado...


Para o amor da minha vida : minha mãe.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Nem tudo é cômodo para sempre...

Adentrei o cômodo.
Mesmo sabendo que nada restava lá, nada além de palavras riscadas pelas paredes e sorrisos escondidos em retratos. De nada importava o resto, era cômodo e isso bastava.
Lembro-me de sentar naquele chão e deixar minha mente voar como um bem-te-vi para além daquelas paredes. Depois o bem-te-vi voltava e escupia nas paredes o que tinha visto lá fora, as vezes, inventava. Bem, te vi nas paredes. Era assim.
Entrei despida de emoção, ouvi aquele reggae. Cantei, dancei, rompi o silêncio : sem emoção. Lembrança em pleno controle.
Na hora em que a paz regia o cômodo....

Incômodo virou.

Tudo tremeu, o teto se abriu e uma tempestade me encharcou, tive que me vestir. Meus olhos não se abriam pela chuva, pelo medo...
Cessou...tudo fora do lugar: palavras desconexas, sorrisos ironizando minha agonia.
O teto se fechou, parou...aparente calmaria.

Pude ouvir uma música se esvaindo como se não tivesse mais razão de existir cortando o silêncio deslocado. Eram cadências finalizando versos, colocando um ponto final na melodia. Infelizmente as notas soavam como um engano, elas tentavam se afirmar , mas desafinavam.
Num susto vi a luz voltar ao cômodo e revelar os entulhos que restaram. Nem música, nem frases e nem sorrisos encobriam a sensação de angustia . Sufocamento. Sentia que as paredes se aproximavam apertando os entulhos contra meu corpo. Talvez essa paredes tivessem boa intenção, quisessem juntar as migalhas, restaurar o cômodo. Mas nada era suficiente, aquele lugar não era mais aconchegante , era incômodo.
Tinha coisa demais lá dentro, mal podia respirar. Ouvi tudo que não queria ouvir, vi ou imaginei o que não deveria, senti a  dor que já havia curado...insuportável.

Tranquei a porta do cômodo, tal incômodo. e corri, pensei e não fui muito longe.
Sai de lá, mas jamais esquecerei o que vi, vivi e revivi dentro daquelas quatro paredes manchadas de vermelho e branco com riscos pretos.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

De vaga em vaga....

Vai vagar por aí
Devagar
Vai devagarinho
Divagando e vagando
Vai, deveras, vagar
um espacinho em mim
Mas vai devagar
Ainda vou vagar um pouco, querubim!
Divago sempre...
Volta ! Não vaga mais
A vaga agora te espera
Se divagando, estou, que seja junto do seu vagar
Não quero mais ir devagar...

Cânone

Difícil negar,
Impossível dizer não
Quando as bocas se calam.
Lábios escancarados,
Gritos, cânones.
Ouço sopros, gritos sopranos;
Difícil não dizer,
Impossível negar
quando os olhos cegam,
Invade um clarão,
Transporta o paraíso;
Impossível negar
quando o corpo quer abrir espaço,
Acolher.
-perdão!
-Não fale...
Cala-me.
Cega-me.
Canta comigo e nos calamos.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

A única exceção

A música tomava conta do interior do carro estacionado....
  - Deitem a cabeça fora da janela. Agora abram os olhos e vejam o céu. Olhem as nuvens, como elas se movem...perfeição.
  -É triste...
  - Ahn, por que?
  -É triste ter que questionar o porquê de não ter nascido um pássaro. E se eu fosse um teria pena, voaria olhando para baixo, sorrindo para quem não pode sentir as nuvens como eu sinto.
  - Preciso  confessar um fato : se me arrancassem a cabeça agora, morreria feliz com a imagem que ficaria gravada nos meus olhos
  - Ai que horror! Mas...de fato.

Não importa onde estou. Se o silêncio paira ou se uma voz canta lembranças minhas ou de quem me rodeia. Nada mais importa quando quem se ama está logo ao lado. Porém existe uma... talvez a única a exceção  : hoje o céu foi capaz de roubar a cena, por um dia foi a palavra-chave, a razão de uma vida inteira.
Afinal, existe poesia mais bela que a escrita no céu pelas e nuvens e pelo sol?
Existe prosa mais emocionante que a amizade?
Junto a poesia, a prosa, a melodia que me envolve e vivo, vivo sem perder o sorriso...Sonho em voar, sonho em juntar todas as penas da minha vida e criar asas, voar...


Baseado nas reflexões de Regina Lemos e Kamila Silva.
  

sábado, 31 de março de 2012

E agora (?)

Antes eu desmontava ao ver seu sorriso, hoje já posso assistir da primeira fila sentindo meus remendos latejarem. Antes eu morria ao ouvir seus segredos, hoje eu ouço, só ouço...já perdi todas as minhas vidas. Não existe mais fuga, correr pra bem longe e perder a vida é desprezível...
Fugir : palavra mesquinha, ato mesquinho.
Antes fui mesquinha com você, por você .... no fundo, eu só queria sobreviver, por isso corri...e de nada adiantou.
Agora meu corpo só corre e se esconde da chuva, pois ela o enferruja. Vida mecânica.
Ah, mas minha alma ainda não aprendeu, é mesquinha, desde que correu e se escondeu em algum lugar, bem aí, dentro de você. Não quis mais voltar...

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Não importa o que é, mas é contraditório.

Quando a noite cai, mais uma vez, vem um vazio apertar o peito. Deveria ficar feliz em pensar que pode deitar a cabeça sem ter que se preocupar com nada.
Talvez, a angústia não venha do vazio, mas da turbulência que o segue. E a incerteza de ser uma tempestade uma chuva de pétalas, a qual pode ser bela ou inconveniente.
Deveria se arrepender, desde já, de reclamar do vazio. Quando sentar-se na montanha russa, gritar pedindo pra parar de nada vai adiantar

E aos poucos vai se levantando, correndo,pulando, tentando alcançar o céu , até que...

Vai chegar um momento em que as confusões e confissões já não caberão no coração ...Virá uma vontade louca de escrever, de tomar decisões , de agir sem razão.
Pensamentos que não deveriam estar em mente insistirão em querer riscar o papel. Não deverão, vão perder o direito. E desde quando o ato de pensar é completamente voluntário? Parecerá que sim, mas nunca foi e nunca será.Contraditório. E digo mais, não fará parte dos planos terminar o dia com a mente cheia de...um grande vazio...e alguém ao fundo...preenchendo a única parte do vazio que importa.
As pálpebras pesarão.Será impossível adormecer sem parar de te pensar. "pensar" parar de pronunciar tal palavra , talvez faça a mente sossegar. Bastará tal palavra e logo virá o sinônimo: você. Triste ter uma mente limitada.Involuntário

E aos poucos vai se reerguendo, levantando, voltando a andar, correr, até que...cai a noite...

Uma linha do tempo.

Se é tão lógico, quase sempre tão igual, qual a razão de reclamar, questionar , ser atormentado pela "falta de alguma coisa"?
Talvez, o vazio seja um tempo para respirar, refletir...talvez seja apenas um tempo de lucidez.
Pensando assim, é fácil explicar o porquê da angústia : ser lúcido é chato. Viver uma ilusão, contraditóriamente, é mais claro, tem mais possibilidade, pois é permitido sonhar...olhar para a frente e enxergar o sonho. Ao contrário da lucidez onde o futuro é apenas um breu desconhecido.Às vezes, para viver bem com os pés no chão , não é errado passar um tempo voando...
É e não é, pode e não pode ser. Mente vazia ou cheia , simplesmente, será.Tudo é contraditório...


Em terra de desmemoriado quem lembra é rei!

Queria um dia perder a memória, esquecer de tudo que se passou até hoje... quem sabe até dos meus sentimentos pelo mundo e pelas pessoas. Tudo por um motivo completamente egoísta: poder me enxergar nos olhos de um desconhecido. Sabe aquela sensação de ver alguém pela primeira vez? Talvez até julgar precipitadamente como todos os seres humanos fazem, às vezes sem notar ou de propósito mesmo. Por instantes eu gostaria de ter esta sensação e cometer esta injustiça de julgar, ao me olhar no espelho eu queria ver o que os outros vêem. Por instantes? Acho que não, minha curiosidade me levaria além; eu tenho um hobby: analisar as pessoas; e não seria capaz de deter meus instintos de aprofundar em mim. Eu tentaria descobrir os traços que me fazem alguém de carne e osso: defeitos e qualidades. O primeiro talvez fosse um defeito, egoísmo. Mas por que seria este o primeiro, se eu não me lembraria de ter desejado esquecer tudo por egoísmo? Seria instinto animal? Já que o ser humano não passa de um animal mesmo, tudo bem que somos racionais, se não fossemos eu nem teria começado a escrever isso, mas repito não somos nada além de animais
..."Não lembrar de desejar esquecer" que estranho isso faz tanto sentido pra mim...
Alucinação.
Acho que encontrei motivos pra me convencer de que meu desejo é totalmente desprezível. Isso sim é uma evolução: ser capaz de resistir aos próprios desejos; E eis que meu egoísmo reaparece ao me gabar por ter evoluído. Ah sim, voltando aos motivos da desistência. Primeiro, isso não seria legal, seria um verdadeiro desastre e eu só sofreria por me sentir só e  nem me lembraria de me conhecer. Segundo, acho que mesmo perdendo completamente a memória nunca nos esquecemos de quem somos, está na nossa essência. Terceiro, é egoísmo esquecer quem não quer ser esquecido. E por último, seria estupidez, se gastei cada segundo da minha vida, vida lúcida, tentando me entender, imagina se eu perdesse todos este tempo de reflexões árduas. Eu gastaria o que me resta de vida tentando decifrar o que perdi, tentando e só tentando. Teria preguiça. (já comecei a trabalhar o egoísmo e me parece que a próxima vai ser a preguiça...)