terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Em terra de desmemoriado quem lembra é rei!

Queria um dia perder a memória, esquecer de tudo que se passou até hoje... quem sabe até dos meus sentimentos pelo mundo e pelas pessoas. Tudo por um motivo completamente egoísta: poder me enxergar nos olhos de um desconhecido. Sabe aquela sensação de ver alguém pela primeira vez? Talvez até julgar precipitadamente como todos os seres humanos fazem, às vezes sem notar ou de propósito mesmo. Por instantes eu gostaria de ter esta sensação e cometer esta injustiça de julgar, ao me olhar no espelho eu queria ver o que os outros vêem. Por instantes? Acho que não, minha curiosidade me levaria além; eu tenho um hobby: analisar as pessoas; e não seria capaz de deter meus instintos de aprofundar em mim. Eu tentaria descobrir os traços que me fazem alguém de carne e osso: defeitos e qualidades. O primeiro talvez fosse um defeito, egoísmo. Mas por que seria este o primeiro, se eu não me lembraria de ter desejado esquecer tudo por egoísmo? Seria instinto animal? Já que o ser humano não passa de um animal mesmo, tudo bem que somos racionais, se não fossemos eu nem teria começado a escrever isso, mas repito não somos nada além de animais
..."Não lembrar de desejar esquecer" que estranho isso faz tanto sentido pra mim...
Alucinação.
Acho que encontrei motivos pra me convencer de que meu desejo é totalmente desprezível. Isso sim é uma evolução: ser capaz de resistir aos próprios desejos; E eis que meu egoísmo reaparece ao me gabar por ter evoluído. Ah sim, voltando aos motivos da desistência. Primeiro, isso não seria legal, seria um verdadeiro desastre e eu só sofreria por me sentir só e  nem me lembraria de me conhecer. Segundo, acho que mesmo perdendo completamente a memória nunca nos esquecemos de quem somos, está na nossa essência. Terceiro, é egoísmo esquecer quem não quer ser esquecido. E por último, seria estupidez, se gastei cada segundo da minha vida, vida lúcida, tentando me entender, imagina se eu perdesse todos este tempo de reflexões árduas. Eu gastaria o que me resta de vida tentando decifrar o que perdi, tentando e só tentando. Teria preguiça. (já comecei a trabalhar o egoísmo e me parece que a próxima vai ser a preguiça...)

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