terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Não importa o que é, mas é contraditório.

Quando a noite cai, mais uma vez, vem um vazio apertar o peito. Deveria ficar feliz em pensar que pode deitar a cabeça sem ter que se preocupar com nada.
Talvez, a angústia não venha do vazio, mas da turbulência que o segue. E a incerteza de ser uma tempestade uma chuva de pétalas, a qual pode ser bela ou inconveniente.
Deveria se arrepender, desde já, de reclamar do vazio. Quando sentar-se na montanha russa, gritar pedindo pra parar de nada vai adiantar

E aos poucos vai se levantando, correndo,pulando, tentando alcançar o céu , até que...

Vai chegar um momento em que as confusões e confissões já não caberão no coração ...Virá uma vontade louca de escrever, de tomar decisões , de agir sem razão.
Pensamentos que não deveriam estar em mente insistirão em querer riscar o papel. Não deverão, vão perder o direito. E desde quando o ato de pensar é completamente voluntário? Parecerá que sim, mas nunca foi e nunca será.Contraditório. E digo mais, não fará parte dos planos terminar o dia com a mente cheia de...um grande vazio...e alguém ao fundo...preenchendo a única parte do vazio que importa.
As pálpebras pesarão.Será impossível adormecer sem parar de te pensar. "pensar" parar de pronunciar tal palavra , talvez faça a mente sossegar. Bastará tal palavra e logo virá o sinônimo: você. Triste ter uma mente limitada.Involuntário

E aos poucos vai se reerguendo, levantando, voltando a andar, correr, até que...cai a noite...

Uma linha do tempo.

Se é tão lógico, quase sempre tão igual, qual a razão de reclamar, questionar , ser atormentado pela "falta de alguma coisa"?
Talvez, o vazio seja um tempo para respirar, refletir...talvez seja apenas um tempo de lucidez.
Pensando assim, é fácil explicar o porquê da angústia : ser lúcido é chato. Viver uma ilusão, contraditóriamente, é mais claro, tem mais possibilidade, pois é permitido sonhar...olhar para a frente e enxergar o sonho. Ao contrário da lucidez onde o futuro é apenas um breu desconhecido.Às vezes, para viver bem com os pés no chão , não é errado passar um tempo voando...
É e não é, pode e não pode ser. Mente vazia ou cheia , simplesmente, será.Tudo é contraditório...


Em terra de desmemoriado quem lembra é rei!

Queria um dia perder a memória, esquecer de tudo que se passou até hoje... quem sabe até dos meus sentimentos pelo mundo e pelas pessoas. Tudo por um motivo completamente egoísta: poder me enxergar nos olhos de um desconhecido. Sabe aquela sensação de ver alguém pela primeira vez? Talvez até julgar precipitadamente como todos os seres humanos fazem, às vezes sem notar ou de propósito mesmo. Por instantes eu gostaria de ter esta sensação e cometer esta injustiça de julgar, ao me olhar no espelho eu queria ver o que os outros vêem. Por instantes? Acho que não, minha curiosidade me levaria além; eu tenho um hobby: analisar as pessoas; e não seria capaz de deter meus instintos de aprofundar em mim. Eu tentaria descobrir os traços que me fazem alguém de carne e osso: defeitos e qualidades. O primeiro talvez fosse um defeito, egoísmo. Mas por que seria este o primeiro, se eu não me lembraria de ter desejado esquecer tudo por egoísmo? Seria instinto animal? Já que o ser humano não passa de um animal mesmo, tudo bem que somos racionais, se não fossemos eu nem teria começado a escrever isso, mas repito não somos nada além de animais
..."Não lembrar de desejar esquecer" que estranho isso faz tanto sentido pra mim...
Alucinação.
Acho que encontrei motivos pra me convencer de que meu desejo é totalmente desprezível. Isso sim é uma evolução: ser capaz de resistir aos próprios desejos; E eis que meu egoísmo reaparece ao me gabar por ter evoluído. Ah sim, voltando aos motivos da desistência. Primeiro, isso não seria legal, seria um verdadeiro desastre e eu só sofreria por me sentir só e  nem me lembraria de me conhecer. Segundo, acho que mesmo perdendo completamente a memória nunca nos esquecemos de quem somos, está na nossa essência. Terceiro, é egoísmo esquecer quem não quer ser esquecido. E por último, seria estupidez, se gastei cada segundo da minha vida, vida lúcida, tentando me entender, imagina se eu perdesse todos este tempo de reflexões árduas. Eu gastaria o que me resta de vida tentando decifrar o que perdi, tentando e só tentando. Teria preguiça. (já comecei a trabalhar o egoísmo e me parece que a próxima vai ser a preguiça...)